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domingo, 17 de agosto de 2014

Parasyte - Os Vermes Vindos do Espaço


Você conhece uma manga japonês chamado Parasyte (Parasita)? Ele é quase que completamente desconhecido no Brasil, mas no Japão é considerado uma obra-prima entre os mangas de terror e é, ainda hoje, fonte de inspiração para muitas franquias.

Parasyte foi escrito por Hitoshi Iwaaki e publicado entre 1990 e 1995. A história gira em torno de Shinichi Izumi, um jovem de 17 anos que vive com a mãe. A obra começa mostrando vermes caindo na Terra vindos do espaço durante a noite e entrando na cabeça das pessoas pelas orelhas enquanto dormem.


Em poucos minutos esses vermes se fundem com o cérebro, matando o hospedeiro original e tomando o controle de seus corpos. Poucas horas depois essas pessoas levantam-se e devoram friamente o resto de suas famílias. Esses parasitas, que sempre permanecem na cabeça do ser vivo, conseguem se deformar e assumir qualquer forma ou rosto. Também podem endurecer e criar lâminas e escudos para se defenderem e alimentarem-se.


Pela manhã o jornal começa a noticiar chacinas por toda cidade. Várias pessoas desaparecidas, e uma grande quantidade de famílias encontradas destroçadas em suas casas. É apenas o início de uma história sem muita perspectiva de final feliz.

Um Parasyte pousou no quarto de Shinichi Izumi, mas o jovem estava usando fones de ouvido enquanto deitado, por isso o verme não pôde entrar em seu cérebro. O jovem chegou a acordar e tentar se defender do parasita, porém o verme adentrou o tecido que conseguiu alcançar, seu braço direito. Por não ter sentido qualquer dor, o garoto acaba se convencendo que tudo aquilo foi um sonho.


Logo Shinichi descobre que algo aconteceu. No dia seguinte seu braço adquiriu consciência e agora é um tecido amorfo, que pode conversar com o garoto e tomar formas variadas de armas e outras habilidades ainda mais bizarras. Sendo um dos raros casos de Parasyte que ainda detém a consciência do portador original, o jovem inicialmente se revolta por ter quase ter tido seu cérebro devorado, mas não há muito tempo para refletir sobre isso. Infelizmente para ele, os demais Parasytes da cidade percebem que Shinichi não é como eles, e decidem exterminá-lo. Cabe ao jovem descobrir como trabalhar em equipe com o parasita de seu corpo e sobreviver aos ataques constantes que se sucederão nos próximos meses.

Logo de início, gostei muito de como o autor desenvolve o enredo de Parasyte. Você sente como se estivesse assistindo um filme de terror, daqueles bem trágicos. De cara somos apresentados à uma criatura do espaço implacável e irastreável, que trata humanos como ração.


A própria relação de Shinichi com o Parasyte de sua mão direita, chamado de “Migi” (direita em japonês) é bem conturbada. O jovem o odeia por quase o devorar e por torná-lo uma aberração, ao mesmo tempo, o Parasita se defende sob o argumento que é um ser vivo lutando para se desenvolver e que ele mesmo não tinha consciência da época que era um verme nem nasceu daquela forma por escolha própria. Ele irá proteger Shinichi, mas não por qualquer empatia consciente, apenas porque se o garoto for morto, ele morre junto. É como se os vermes fossem uma nova classe de ser vivo, adaptando-se às várias situações e tentando conquistar o espaço tomado pela raça dominante do planeta, o homem.

Os vermes possuem algumas limitações. Eles só podem se alimentar do mesmo tipo de animal com que se fundiram (por alguma espécie de necessidade genética) e não podem passar por nenhuma máquina de raio-x, senão a falta de ossos da cabeça fica completamente exposta. Mesmo tão fortes, eles ainda estão ligados ao corpo que possuíram. Um dano no coração ou demais órgãos pode fazer um parasita morrer, por isso eles preferem se manter ocultos da sociedade.

Conforme avança frente às batalhas e calamidade que encontra, Shinichi acaba por aceitar sua nova condição e decide eliminar todos os parasitas que encontrar, para proteger a raça humana. Parasyte é uma obra fascinante por sempre fazer você pensar em qual é a linha que separa a sua consciência como criatura daquela que te torna humano. Chega um ponto na história onde Shinichi realmente não consegue mais se considerar humano. Ele se torna tão poderoso e distante que acaba de afastando de todos os humanos, e pouco-a-pouco perdendo a empatia por vê-los serem mortos ou devorados. A pouca ligação que ele possui com a humanidade, e a que ele se apega, na forma de sua mãe e de alguns namoricos, normalmente são retirados dele em meio ao caos e tragédias dessa nova vida. No final Shinichi entende que evoluir significa estar sozinho e a responsabilidade estressante de ser um adulto tentando sobreviver. Existe uma grande mensagem sobre maturidade e sobre como encarar a vida.

É o tipo de história de você começa a ler desprenciosamente, mas conforme avança percebe que te faz refletir sobre o egoísmo da evolução e sobre o quanto a importância de sobreviver passa por cima dos sentimentos dos outros seres vivos. Afinal, qual a diferença essencial entre ser um humano que caça e mata outros animais para sobreviver com ser um Parasyte que caça e mata o ser humano para sobreviver?

Cuidado! Spoilers à frente!

Eu disse para você que não havia muita perspectiva de final feliz. No fim da história a humanidade descobre uma forma de lutar contra os Parasytes e até consegue desmantelar os maiores grupos deles, mas erradica-los torna-se impossível. Umas poucas centenas de Parasytes restante (os mais discretos e inteligentes) ainda continuará sobrevivendo e devorando humanos escondidos. Felizmente eles nunca serão um número grande o suficiente para dominar a Terra.

Agora a parte interessante! Se você ler Parasyte até o fim perceberá que muitas obras atuais se inspiraram em vários conceitos na cara dura, irei citar algumas aqui.

O Guarda Real Menthuthuyoupi, da obra Hunter x Hunter, deforma o próprio corpo e transforma os braços em tentáculos com foice na ponta. Uma referência clara às batalhas de tentáculos de Parasyte.


As transformações nos braços de Alex Mercer em Prototype (inclusive em tentáculos) em muito se assemelham às transformações em Parasyte.


Tentáculos de foice? Cachorros que dividem a cabeça ao meio? Braço mutante que se transforma em um escudo? Qualquer semelhança é mera coincidência...





E por falar em cachorros com cabeça se dividindo, alguns aqui devem se lembrar do boss Sheeva, do jogo Parasite Eve. A cena da transformação foi Inspirada claramente em Parasyte.

Li Parasyte até o fim e recomendo fortemente para todos os fãs de ação e terror. É uma obra recheada de Gore e ação ininterrupta, mas que ao mesmo tempo explora bem o lado humano e os pensamentos mais profundos que tornam o ser humano egoísta. Confiram os links abaixo.

Link para o manga (somente em inglês):



quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Gyo – O Terror que veio do Mar


Esta noite falarei sobre uma obra de terror interessante mas pouco conhecida do gênio japonês de terror Junji Ito.

Gyo (peixe, em japonês) foi publicada originalmente entre 2001 e 2002 e impressionou os leitores pela história bizarra e imprevisível. Hoje Gyo é considerado por muitos como a segunda melhor obra de Ito, perdendo apenas para sua obra mais conhecida, Uzumaki.

A história gira em torno do casal Tadashi e Kaori, que em uma visita a praia são atacados por um bizarro peixe com patas. Um detalhe importante é que o peixe exala um cheiro terrível, que torna insuportável ficar confinado no mesmo ambiente que ele.

Em poucos dias novos peixes com patas surgem do mar, assustando a população. Ninguém entende ao certo de onde vêm ou o porquê de eles terem criado patas, e a maioria subestima o problema. 


Isso muda apartir do momento que tubarões e lulas gigantes com patas começam a sair andando do mar!



Descobre-se que os peixes com patas são capazes de infectar outros animais e até humanos, com uma doença terrível que os faz inchar e expelir gás incontrolavelmente.

Essa doença, que foi desenvolvido originalmente como uma arma química, irá infectar toda a cidade e em poucos capítulos veremos o lugar tornar-se um inferno pior que o de qualquer filme de zumbis.

Contarei um pouco mais abaixo, quem planeja ler o manga pule esses parágrafos!

Cuidado, spoilers à frente!


O leitor descobre que as “patas” dos peixes na verdade são máquinas movidas pelo gás que os seres vivos infectados produzem, em uma relação bizarra de simbiose com o maquinário. Resumindo, muitos dos animais marinhos com patas estão mortos, ou morrem em poucas horas e a máquina continua a movê-los, transformando os corpos putrefatos em zumbis-mecânicos movidos a gás!

Ah, então o extremo mau-cheiro que exalam vem da putrefação das carcaças?

Não! É aí que entra a surpresa, o vilão de Gyo não são as máquinas, é o próprio gás! O gás, que é chamado de “o cheiro da morte” possui consciência própria e infecta os seres vivos para consumi-los. Não é explicado ao certo como o gás adquiriu vida, mas há a explicação de que seria a própria consciência da morte materializada na Terra, ou algo parecido com isso.

Sei que contando dessa forma a história pode parecer bizarra até demais, mas o cenário de horror criado em Gyo é impressionante e vai prender o leitor até o final com a criatividade de Ito.

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No link abaixo é possível baixar o manga em português, aconselho que baixe logo, pois se vier a ser autorizado sua publicação no Brasil, esse link será derrubado.


Em 2012 foi produzida um longa em animação de ótima qualidade sobre Gyo. A história é um pouco diferente, mas está bem próxima da original.


domingo, 22 de julho de 2012

Hellstar Remina - O Horror Cósmico


Hoje falarei sobre uma obra de terror diferente e particularmente interessante.

Hellstar Remina (Estrela da Inferno Remina) é um dos últimos mangas encadernados (Tankobon) do lendário autor de terror japonês Junji Ito.

Famoso por obras como Uzumaki e Gyo, a história de Hellstar Remina gira em torno da família de um cientista que descobre uma estrela e a batiza com o nome da filha, Remina, o problema é que “aquilo” não é uma estrela, e em pouco tempo começa a ir em direção a Terra!


Sem exageros, Hellstar Remina consegue produzir um efeito assustador no leitor, e acredito que ele seja inferior somente à obra-prima de Ito, Uzumaki, por conseguir abordar um tema tão diferente, que em condições normais provavelmente não pareceria assustador, mas nas mãos do autor torna-se uma história simplesmente aterrorizante que prende o leitor e o deixa apreensivo até o final.

Acredito que o ponto mais forte da história gire ao redor do terror absoluto criado por lutar com uma força que não possui nenhuma esperança de ser detida. Desde o início não é escondido que não havia salvação para a Terra. O sentimento de “não ter esperança” está presente no manga inteiro, e obviamente o final não será feliz, como de praxe para o autor.

Como de costume também, Ito não se preocupa em explicar a origem ou o destino da estrela, e acredito que poucos autores podem criar histórias de terror trabalhadas dessa forma e conseguir o sucesso que Ito consegue. Sempre que termino de ler uma obra dele sinto que ele as cria pelo prazer de explorar um terror que não tem razão ou sentido em ser o que é. É terrível, e ponto. Porque é dessa forma que o verdadeiro medo é, não podendo ser explicado, apenas sentido.

O manga está disponível para baixar, se você estiver interessado aconselho a baixar logo, pois se vier a ser publicado no Brasil, a versão online será tirada de circulação (como aconteceu com Uzumaki antes)

Link: