sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Banjo e Kazooie - Secret room underneath Loggo




Eu me lembro quando eu era mais jovem, eu tinha uns oito ou nove, você sabe. A vida inocente. Como não gostava muito de sair, passei uma boa quantidade de minha infância jogando videogames. Sim video games, mas nada para se envergonhar. Fiz amizade com outras crianças que joguei, também.

Eu conheci um garoto na época que atendia pelo nome de Tony.
 Ele me contou uma história sobre alguma coisa estranha que aconteceu com ele enquanto estava jogando Banjo-Kazooie. Ele me deu instruções específicas sobre o que fazer e o que iria acontecer. Ele falou sobre Mad Monster Mansion e o retrato de Gruntilda que estava lá dentro. Ele falou, dizendo se eu colidisse com o retrato usando o fly-pad apareceria um monstro que eu nunca tinha visto e algo diferente aconteceria na sala onde existia uma latrina, aquela que tinha um Jiggy dentro do encanamento. Como uma criança assustada que era eu acreditei nele, mas não experimentei, até que um dia eu tive coragem para tentar o que ele me disse anos atrás.

Nada aconteceu.
 Anos depois ele me confirmou que foi apenas uma pequena mentira, uma pequena história que ele tinha inventado. E tantas vezes eu tinha feito aquilo de novo e de novo, sem saber que era tudo falso. Achava interessante - eu não sei por que – acreditar que tentar e tentar a mesma  coisa várias vezes  no mesmo lugar um dia iria fazer o monstro aparecer. Mas isso nunca aconteceu, e a latrina solitária fora da mansão onde você poderia caber como uma abóbora estava sempre vazia. Nunca houve nada mais nem nada menos.

É claro, nem tudo é previsível; nem tudo segue a mesma rotina.
 Certo tempo depois  resolvi tentar novamente. Cerca de uma semana ou duas atrás, talvez por tédio ou um desejo escondido que talvez dessa vez algo acontecesse. Assim vamos apenas dizer que as coisas tomaram um rumo para o pior.Você ouve essas histórias o tempo todo e não acha nada delas,”. “Oh, são apenas histórias não importa vai ficar tudo bem", vocês dizem. É claro que, desta vez eu também fiz isso e hoje conto essa história para você não repetir meu erro.

Fui para a sala onde estava o fantasma Napper, vazio e tranqüilo, com nada além de uma enorme mesa e algumas cadeiras.
 Subi em cima da mesa e alcancei o pad voar. Eu apertei o botão B em frente ao retrato Gruntilda. O urso e o pássaro voaram para o retrato com um grande acidente como o esperado, mas desta vez um ruído diferente que eu ouvi. Parecia o som de alguém que tinha quebrado um osso ou algo assim, quase como se não houvesse dor literal, mas o ruído realista me chamou a atenção. Eu não pensei muito em nada disso, então eu deixei o quarto como normal.

Passei por Mumbo, me transformando em abóbora, e na volta tive vontade de passar pela latrina, talvez apenas para lembrar como era descer por aqueles canos, mas a coisa mais estranha aconteceu. Uma vez na pequena sala dentro do encanamento a imagem da abóbora começou a afundar no chão. Andei para todo lado, mas continuava afundando no mesmo nível, nem dava para subir nas partes mais altas do chão. Durante alguns momentos a abóbora desapareceu no chão cinza, e subitamente a tela escureceu.
A abóbora apareceu novamente em outro lugar, caindo em um cenário totalmente negro no horizonte, bati no chão, e para quem não lembra, a abóbora não toma dano por queda. Eu pensei que tinha glitched o jogo ou algo assim - algo novo e emocionante que eu não tinha visto antes, fiquei excitado em descobrir uma nova área que nunca tinha ouvido falar, onde eu estava? Embaixo da encanação da mansão? O chão era de um tom barroso avermelhado, e enquanto a abóbora andava, ouvia-se o som característico de quando estamos andando em águas rasas no jogo, aquele “chop chop”. Não havia muito que fazer, o caminho era estreito e basicamente reto, conforme andávamos o chão se tornava uma ladeira que ficava cada vez mais íngrime. Fiquei um pouco perturbado com o tempo, não havia cenário ao redor apenas escuridão, não havia sons no ambiente, além de mim batendo na água rasa. Depois de vários minutos descendo no que parecia uma ladeira sem fim, outra coisa estranha aconteceu. Comecei a ouvir ruídos baixos, que antigamente não estava ouvindo, parei de andar para tentar ouvir melhor. Parecia um gemido, uma lamúria sussurrada que eu nunca tinha ouvido no jogo, não me deu medo, apenas uma angústia pela estranheza e nitidez do som, continuei descendo, os gemidos não pararam.

De repente a abóbora parou, fiquei apreensivo achando que algo iria acontecer, o jogo estava muito estranho. Mas ela começou a flutuar e uma luz arroxeada apareceu, reconheci aquele como o efeito de quando estamos transformados por Mumbo, mas nos afastamos demais dele, nesses casos aparece um balão com a cara dele e ele fala algo como “meu poder não alcança você aqui”. Mas dessa vez foi diferente, o balão com o rosto dele estava lá, mas sua expressão estava perturbadora. Contraída em um rosto de raiva que em nada lembrava o Mumbo original, o som característico da fala dele também estava diferente, ele gritava um ruído distorcido que lembrava o barulho de estática. Aquilo me perturbou pra cacete, o que estava acontecendo? Momentos depois eu era novamente Banjo, no caminho avermelhado.  

Andando mais um pouco o som foi ficando mais alto e cada vez mais alto, ao ponto de não ouvir mais o “chop, chop”, apenas os gemidos, que agora lembravam um mar de sons horríveis. Tentei girar a câmera para vez aonde estava indo, mas a descida era tão estreita que a tela ficou paralisada em uma visão lateral. Banjo subitamente parou de andar. A essa altura eu estava suando bastante, o que aconteceria?

O balão com o rosto da fada Brentilda apareceu, normalmente ela aparece para falar besteiras e dicas, sempre com um som doce e enjoativo. Mas de cara algo estava errado. Seu rosto não possuía Olhos, nariz ou boca. Ela falou um texto longo e ilegível que lembrava algo como “hasshedttcgwddkrifjjffruizel” mas o que realmente incomodava era sua voz, estava terrivelmente lenta e com o agudo alto demais. Lembro nitidamente apenas da última frase “Não devia ter feito isso, chorar para sempre, chorar eternamente” Eu estava suando feito um porco, devia continuar? Não pensei muito, queria saber como terminaria.      

Andei mais um pouco, a tela escureceu. Não apareci instantaneamente no outro cenário, a tela foi clareando aos poucos. Percebi que o cenário era mais amplo, pois podia mexer a câmera para os lados e andar, mas não podia ver nada ao meu redor já que a tela ainda estava clareando muito lentamente. Tive que baixar o volume, o “mar de gemidos” estava insuportável, não agüentava mais aquilo. A tela se tornou nítida e eu experimentei um terror horrível.

Todos mortos, o chão estava completamente vermelho e cheio de personagens do jogo brutalmente assassinados. Apesar dos gráficos não serem lá essas coisas, a nitidez dos órgãos que lembravam fotos e da tonalidade do sangue tornavam a cena indescritível. Bottles tinha várias facas cravadas no peito aberto, seu coração pulsando ao lado do corpo, o hipopótamo Blubber só podia ser reconhecido pela cabeça, seu grande corpo praticamente virado do avesso com os órgãos pulsando no chão, o camelo Gobi estava deitado como na cena em que pulamos em sua costa, mas dessa vez ele tinha cuspido seus pulmões e estômago, ainda ligados a sua boca e se contorcendo no chão, mas o pior, O urso polar Boggy estava sentado sem cabeça, o sangue espirrando como uma fonte em cima de seus filhos, todos mutilados e com o couro arrancados, suas faces marcadas pela dor e choro. Acima deles, escrito com um líquido laranja "Fluffy, Brand New Coats" algo como "Casacos novinhos e macios"

“chop, chop” foi aí que percebi que esse som era de meus pés batendo na fina camada de sangue no chão.

Não sei quem foi o doente que criou aquele cenário, com aqueles personagens infantis mortos e mutilados, mas eu estava completamente vidrado, não conseguia desviar o olhar daquela desgraça. Eu devia ter desligado, mas não desliguei.

A tela deu um estalo e Banjo apareceu em outro lugar, a música do jogo estava de volta e por alguns momentos achei que aquele terrível engano tinha terminado, eu havia voltado ao jogo. Fiquei em pânico ao perceber que, embora de volta, a música estava distorcida, como se tocadas ao contrário.
Banjo estava parado um uma pequena sala vermelha, a tela da visão em primeira pessoa foi ativada automaticamente e pude ver que havia um vulto humanóide no outro extremo da sala. Ele fazia um som parecido com pequenos estalos de boneco e a essa altura eu já tinha largado o controle, não queria mais jogar aquilo. Não havia pra onde fugir, a tela sequer se mexia, o vulto começou a andar em minha direção, na direção da tela, lentamente.... Aquele corpo era um amontoado de pixels, mas seus movimentos e o som que ele fazia ao andar era enlouquecedor. Ele foi chegando mais perto até me agarrar, vi seu rosto, sua expressão faminta, olhando diretamente para a tela e a cena fechou.  

Os sons de ossos rachando foi ouvido.
 Banjo gritou com uma voz como se sua garganta estava cheia de sangue e dor verdadeira indizível. A música abrandou-se como estático.

A próxima coisa que eu lembro, desse jogo maldito, era a tela de fundo preto com a cara da bruxa em vermelho.
 Certamente isso não poderia ser real. Eu tinha que estar sonhando, mas de alguma forma eu sabia que não estava. Eu estava congelado no meu lugar com gotas de suor caindo pelo meu rosto. Então o jogo iniciou sozinho. Tooty, Grunty e Klungo estavam todos juntos, exceto que essa era uma cena definitivamente diferente.

Tooty foi amarrado em uma cadeira com Klungo de pé ao seu lado.
 Grunty foi lentamente cortando o braço de Tootys, dissecando-a como uma peça de carne fresca. Os gritos de Tooty foram dolorosos de ouvir, enquanto a cabeça dela tremeu violentamente em agonia. Grunty ergueu a faca e continuou a perfurar o braço dela. Depois que ele foi cortado ela jogou-o para Klungo e ele começou a roer-lo. Os olhos de Gruntilda se encheram de furor - espere, não, a loucura não é a palavra para isso. Este foi um verdadeiro prazer de causar dor. Uma fantasia perversa. Ela divertia-se com um sorriso perverso e sádico.

Com a faca, ela tinha esculpido o estômago de Tootys, deixando fora o fluxo de sangue e os órgãos caírem no chão, batendo de uma forma muito realista para um jogo. De nenhuma maneira isso poderia ser real, eu dizia para mim mesmo, mas era e eu sabia disso.
 Eu simplesmente não podia aceitá-lo. Grunty levou a faca até a boca e lambeu o sangue fresco nela. Satisfeita, mas ainda ansiosa por mais, ela violentamente esfaquou Tooty no olho, em seguida, atirou no olho do outro lado da sala. Ela se inclinou em Tooty, sorrindo e cantando silenciosamente como ela iria lentamente cortar o pescoço de Tooty; a faca começou a escorrer lentamente com o sangue de sua vítima. Os movimentos lentos foram gradativamente se tornando mais rápidos e violentos, como se Grunty serrasse algo duro. Os gritos de Tootys acabaram em um som dela se engasgando no próprio sangue. Seu olho restante se tornou vazio e sem vida. A cena final mostra Grunty arrancando a cabeça dela e levantando-a acima de seu rosto. Grunty então estica sua longa e nojenta lingua para beber o sangue que desce em pesadas gotas.

Então desapareceu em uma tela preta sem som, a TV estava definitivamente ligado, mas não havia nada na tela.
 Eu estava no mesmo lugar, ainda com muito medo de me mover. Eu ainda não consigo acreditar no que eu havia testemunhado. Mesmo tendo ficado muito perturbado com tudo aquilo, depois de alguns dias fui invadido por um sentimento de tentar de novo. Certamente, ninguém poderia vender algo assim para o público, certo? Tentei novamente.

Não havia nada.

Eu fiquei esperando, mas não aconteceu.
 Tudo jogado como normal. Eu tentei várias vezes, mas não iria funcionar. Por que será que funcionou uma vez, mas não mais? Eu desejo que pudesse ter desligado antes de ter visto tudo aquilo, mas não pude. Nem consigo esquecer. Qualquer coisa que eu poderia ter usado como um fragmento, como prova. Eu não guardei. apenas as memórias. Eu não estou pedindo que você acredite em mim, eu só quero compartilhar meu conto com quem quer que interesse.

Mas o pior da história não é o horror que senti ao ver algo de minha infância ser mutilado e morto na minha frente.

O pior é que, mesmo com todo medo que senti.

As vezes me pego querendo ver novamente a faca deslizando na garganta macia de Tooty.

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